sábado, 13 de novembro de 2010

Faz frio!

Sei que ler algo deprimido, triste e choroso é muito chato e deprimente. Geralmente a gente já para na primeira linha. Mas, eu, numa semana tão para dentro e tão triste, resolvi colocar aqui o meu lado dark, escondido e que ninguém entende.
Nem eu!
Me sinto muitas vezes um buraco negro, impossivel de ser entendido e alcançado. Não entendo minha própria complexidade de ser humano, de mulher deste século, de gente de carne e osso...me sinto dentro de um quebra -cabeça onde eu não sou a peça. Fora do mundo em que vivo e da realidade. Mas, ao mesmo tempo, tudo isso soa como uma arrogancia desnecessária.
As coisas são mais simples do que pensamos, mas muitas vezes o inimigo da gente é a gente. A escolha de sair do túnel escuro é sempre nossa e, o pior pesadelo é que, quando vc toma consciência disso, não tem volta. Como responsabilizar um ser que não esta dentro de vc pela sua vida se a escolha no fim é sempre sua? Como arrancar do peito um vaso vazio que dói absurdamente? E como viver a ressaca da descoberta da sua maior insegurança?
Quando optei em sair da minha casa e ser dona de mim sabia que a escolha não seria fácil. Queria ser uma mulher única dona da própria estrada. E sei que é o caminho que a vida destinou pra mim, já que mesmo quando opto pela ignorância, a verdade sempre aparece. "A verdade me ama" disse Sylvia Plath, e, talvez esta fosse a maldição dela também.
Mesmo optando pelo caminho de pedras e sabendo que é a melhor escolha, a dor é inevitável e as questões também. Terei eu um amor nesta vida quando abro mão do tradicional? Serei eu uma profissinal feliz e com oportunidades quando abro mão do caminho seguro e comum?Serei eu uma velha feliz no final da minha vida? Não sei nem se sobrevivo até às 23 de hoje!
Mas, mesmo sabendo que passa, mesmo sabendo que é a minha história, mesmo sabendo que faz parte, aprendi que quando a dor vem com força total não tem jeito, tem que se entregar.
Não a entrega dramatica de filmes e livros com mocinhas deprimidas, mas a entrega do momento. A dor tá lá caralho, vou passar por cima? Meu peito dói como se tivesse inflamado e só me resta a solidão. Porque ninguém ainda conseguiu chegar no mais profundo do meu ser e me confortar quando esta dor de vida se abate sobre mim. E nem exijo isso de ninguém, talvez não exista uma cápsula Fênix para isso.
Num noite destas um psiquiatra careca veio me visitar em sonho para me dizer que o amor acontece, que nada deve ser levado a sério e que eu não sou uma casinha. Uma parte de mim é um psiquiatra careca sábio e bonachão.
Logo acredito nele! E acredito que as respostas das minhas perguntas feitas aqui é sim, sim, simmm, seja lá o que for este sim.
Mas, também sou dor e vermelho...
Também sou baixa energia e edredon...
Também choro e sou frio...
Mas acredito na impermanencia das coisas.
Logo a roda gira.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Sem título

Quando ela chegou naquela cidade desconhecida e tão longe, logo pensou: "Tem cheiro de pipoca na manteiga" e seu primeiro instinto foi tentar capturar aquele cheiro e guardar num potinho. Impossível, pensou. Logo, lhe restava abrir bem os olhos para gravar cada detalhe, cada cor daquele mundo novo que se abria.
Assim passaram -se os dias. Vinte e cinco, ela pensou. Vinto e cinco seria o número de dias que ela ficaria ali, naquelas terras geladas e estrangeiras.
E assim eles foram chegando, um tão diferente do outro, que pareciam cartas que chegavam diariamente. Nunca se sabe o que tem dentro de um envelope!
E lá tinha algo tão inusitado! Todo mundo era manco! Sim, é verdade, para onde ela olhava era gente manca.
Chegou a ver uma familia de anões!
Meu deus, voltei no tempo! era o único pensamento que vinha em sua cabeça. Sentia-se como na era medieval, no meio dos bufões e dos acidentados de guerras e lutas.
Um dia, ela jura, viu uma freira anã. E, quando saiu correndo atrás da tal freirinha, cruzou com um par de gêmeos idosos que olharam e sorriram para ela ao mesmo tempo.
E o que falar do assassinato que ela presenciou? pobre Chelly, tão bela e tão boa, morrer brutalmente atropelada... e o pior: nenhuma, eu disse nenhuma pomba ajudou a coitada! Era praticamente uma cidade de deus animal, todas se afastaram do corpo. Ninguém viu, ninguém sabe de nada! A Chelly era uma pomba...pobrezinha!Que o Deus das pombas a tenha...
Eram muitas emoções, tantas, que ela apostou que viu um SIR piscar para ela. Mesmo ele sendo um busto! Que coisa! Talvez seja o efeito da sangria que ela virou de uma vez só. Depois desta golada, ela conseguiu enxergar, mesmo com uma brava míopia, um rato tomando café do outro lado do rio.
Sorte que um tango começou a ser executado por um inglês e isso a trouxe para cima de uma ponte num lugar não tão cinza, mas mais desaconhecido que o da pipoca na manteiga.
Hum pipoca na manteiga. Como não se come o cheiro, ela se entupiu de batata. Era o que tinha. "Ao povo as batatas". Alguém disse isso?senão, digo eu, pensou.
Ela passou de novo pelo rio para ver o rato, mas ele não estava mais tomando café. Fazia cooper! Boa sorte para ele, ela pensou, e continuou quando percebeu que estava sendo seguida muito de perto por duas meninas. Uma alta tirava fotos alucinadamente, de todos os buraquinhos da parede, e a outra, a menorzinha, ia atrás gritando : QUE BELO! QUE BELO!
As meninas passaram, mas, ficou uma que parecia uma alemãnzinha fita branca. Blusa fechada até o pescoço, cabelo preso, olhar de quem vai matar você de forma sofrida em poucos minutos. Medo! Apareceu do nada e foi-se com a fumaça do amanhecer. Essa deveria ter saido do mundo do cavalo de fogo, isso sim!
Ficou com tanto medo que se trancou num banheiro com uma tesoura gigante. Lá, ficou por uns 40 minutos, treinando a garganta para gritar em inglês. Nunca se sabe, é de extrema impostância esse conhecimento. Saiu correndo de lá, pulou uma janela e foi expulsa por uma marmota que só falava italiano. Era uma marmota, marmota, não uma marmota gente.
Uau que loucura! Pegou um trem e foi do ponto A ao ponto B ao lado de um grupo de advogados italianos que falavam russo e tomavam chá de leite. E o pior, ela que não fala necas de russo, entendeu toda a conversa.
22,23, 24 dias...já ia dar 25...poxa ela não queria ir embora, já estava viciada em crepe! Comia todo dia no banquinho em frente a uma bela torre. Até ficou amiga do Quasímodo! Ele era viciado em crepe de nutella e estava em reabilitação no alto da torre.
25...chegou...quando chega a hora, chega a hora...não dá para discutir. Deu tchau, pegou sua mala e quando olhou para seu companheiro de assento, viu um belo viado! Gente, que viado lindo! ela pensou.
E o belo viadinho com dois chifres enormes, focinho molhado, linguinha roxa e pelô marrom, olhou pra ela e fez
MUUUUUUU
Brindaram com uma xícara de suspiro!
Quando olhou pela janelinha do avião deu outro suspiro, não o que havia comido, mas o do outro tipo, aquele que nasce em algum órgão desconhecido, passa pelo coração e vai pro topo da cabeça.
Bem vinda a loucura do mundo real! pensou triste quando viu sua mala revirada igual a sua gaveta de calcinhas.
Mas, depois que abraçou apertado a sua esquilinho, sentiu aquele cheiro de pipoca na manteiga...
Quem disse mesmo que não se guarda cheiro?
Ah guarda...o meu tá num potinho vermelho!
Eu garanto!