quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O telefone

Ah ele, sempre ele! Semana passada tive uma sessão punk de terapia, da onde sai com muita raiva da minha amada psicologa. Tudo porque ela me mostrou o que são os relacionamentos de verdade, me tirando da eterna visão romântica que eu me coloco de vez em quando.
Sempre defendo e, até o momento, continuo defendendo que muito desta visão romântica das mulheres é cultural. A gente aprende de pequena. Seja lendo as revistas, vendo as novelas ou brincando com a Barbie, que, vocês vão lembrar, tinha a versão noiva e, claro, tinha o seu super bonitão Ken.
Brincamos de casinha, de papinha, de boneca e sonhamos com o nosso princípe. O meu era um amigo da minha madrinha, que, hoje, sei que virou padre.
E hoje, estando no meio da pororoca, palavras da minha psico, me pego, quando encontro um cara que me interessa, sofrendo loucamente porque a porra do telefone não toca.
Maldito telefone!
Bem, o ser em questão é um amigo que a muito tempo eu não via. A última lembrança que eu tenho dele, é de seu lindo aparelho de dentes com elásticos verde limão ( lembram da moda do elástico no aparelho?), brilhando toda vez que ele abria a boca. E lógico, que até por causa do tal aparelho, toda vez que ele abria a boca voava alguma coisa, que preferíamos não identificar.
Bem, esse era ele há uns 15 anos atrás!
Well, cruzo com o cidadão no meio de um shopping movimentado:
Você???
Uau! ele realmente estava interessante e, realmente, o aparelho mico da adolecência fez muito bem para ele - que sorriso incrível!
Trocamos telefone, beijinho,beijinho e tchau,tchau.
Marcamos um café ( não por fone, mas no dia que eu o encontrei) e ficamos horas conversando.
Rolou um clima! sim,rolou, eu senti.
Te ligo!
E eu fiquei esperando...ai que raiva que eu tenho de esperar ligação!
Bem, ele não ligou, mas eu o encontrei no MSN.
Veio, puxou assunto e marcamos outro café que ainda não aconteceu...mas acontecerá em breve.
Ok, tudo normal, andando, a vida continua...o que me faz pensar é o porque da expectativa e da tentiva de adivinhação.
Sim, porque fico me perguntando:
Ai, será que ele é timido? será que não rolou clima nenhum? será que...
Será,será,será...pra que saber?
Porque simplesmente não deixar rolar e curtir?
E outra, para que romantizar absolutamente todos os encontros?
Isso me faz sentir tão vulnerável e tão na mão deles! Como se eu sempre fosse a escolhida e não a agente da minha escolha.
Se ele não ligou, oras, talvez eu nunca saiba. Ok, rolar uma frustração,mas, ficar tentando adivinhar e gastando tempo com isso?
Me irrito comigo mesma!
Me irrito quando me confronto com este lado meu.
E tento não me irritar e me acolher, porque, fácil não é!
Seja lá qual for a intenção do cara, a fila anda, minha vida continua cheia de coisas para resolver e, se a porra do telefone tocar ou não tocar, tudo ainda estará aqui para eu resolver.
As minhas amigas estarão aqui,
meu trabalho estará aqui,
meus sonhos estarão aqui,
meu corpo estará aqui!
Enfim, é a eterna luta do que quero e do que aprendi a querer.
Dos velho padrões e dos novos que estão surgindo.
E,as vezes, penso que isso é mais comum do que imaginamos.
Mulheres incríveis grudadas no fone esperando o princípe ligar.
Mulheres incríveis largando o seu scarpan salto 15 para o primeiro mané que lhe interessa.
Mulheres incríveis desmarcando a cerveja com as amigas, porque o princípe da vez resolveu ligar às 10 da noite de sexta chamando-a para sair.
Mulheres incríveis que perdem horas a fio tentando adivinhar se o cara não ligou porque é tímido, sofreu um acidente e tá em coma ou se simplesmente não quis.
Enfim, eu tô neste time.
"Tô na pororoca."
"Acho que eu sou uma pororoca."
"Tô tentando não entregar o melhor de mim para o primeiro que me "interessar".
"Que dificil!"
"Dá ansiedade."
"Ui,Ui..."
"Eu não vou ligar!"
"Ok, mulheres podem ligar, mas eu sempre faço isso."
"Não vou fazer desta vez"
"Deixa eles fazerem um pouco tb"
TRIMMMMMMM...
...
...
...
Era minha mãe!